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domingo, 14 de março de 2010

Janela pro quintal

E ás vezes você acaba percebendo que uma imagem vale mais.
Então arrisque; olhe de novo por aquela janela e me responda:
- O que mesmo você sentiu?
Eu sei que o céu não é mais o mesmo, mas ele está no mesmo lugar.


quinta-feira, 11 de março de 2010

Da janela

Traços, rabiscos;

Algo que descreva com exatidão

O conflito escrito á nanquim em meu coração.


Palavras, palhas;

Algo que se mova como a chuva que traz

O fim do dia, o fim da paz


Ao menos se houvesse uma hora á mais...


E corro contra um vício,

Contra um risco, uma estupidez.

A chave que abra e me tranque de uma só vez.


Um sopro em direção ao corpo

E cai

Aos solavancos, se vai.



quarta-feira, 10 de março de 2010

Acima de qualquer suspeita

Trajava preto, colado no corpo.
O cabelo era solto e o caimento espetacular, jogava para trás sem finalidade de provocar.
Os olhos eram frios e a boca mal sorria.
A falta de paciência, a rigidez e as poucas palavras faziam parte do seu atual perfil.
Causava dúvida a quem reparava.
Alguns detestavam, outros pareciam gostar.
- Mas uma coisa era certa; Ninguém deixava de olhar.


terça-feira, 9 de março de 2010

Inspire

I can't choice, I can't change
Myself, my scene, my heart
Don't cry; discover, try.
Behind the iris, your beautiful eyes, behind.
I need it. I need you; my day.
Tomorrow, ask, search, say.

Don't forgot the yesterday.

This words are not you.
They are to me.
They are for my hands
They are for my pen, for my mind starts too far away.
I never, never liked you.
Sorry, inspire.

By jessica

tradução: - Inspire

Eu não posso escolher, eu não posso mudar.
Eu mesma, minha cena, meu coração.
Não chore; descubra, tente.
Por de trás da íris, seus belos olhos, por trás.
Eu preciso disso. Eu preciso de você; meu dia.
Amanhã, pergunte, busque, diga.

Não esqueça o ontem.

Essas palavras não são para você
São para mim;
São para minhas mãos;
São para minha caneta, para minha mente começar a ir embora.
Eu nunca, nunca gostei de você.
Desculpe, inspire.




segunda-feira, 8 de março de 2010

Indignação

Olhou como se fosse comum
E acobertou a volúpia dos olhos.
Ignorou, fez de conta
Mas se entregou na primeira piscada.

Eu não estou desistindo

Corpo cansado, cabeça zunindo
Sua mentira me matando
E eu resistindo.

Amou pela primeira e última vez

Fugiu pelo ralo no momento do desfecho
Arranhei a parede, uma marca deixada para trás
Repare a nuvem sobre você; ela não cederá

Viva esse erro fatal

Engula críticas e observações
Mostre o seu medo quando encurralarem você
Continue fraco e não transpareça reações

Enquanto o sangue me subia á cabeça

Esqueci-me das promessas
Vistes as pupilas queimarem
E forjastes um sorriso - não convenceu


domingo, 7 de março de 2010

Um conto que não terminou assim

Naquele domingo faria uma semana que ele tinha ido embora.
O céu era uma intensa luz antes daquele dia. Após o domingo passado, a chuva era constante, parando apenas para que as nuvens respirassem.
Ela era um boneco de neve nos quatro dias anteriores - por muito pouco não deretia, e era isso que fazia o céu continuar brilhando.
Seu coração avisava que estaria prestes a parar.
Na sexta ele pôde bater tranquilo pela última vez: Foi o último "te amo".
Sua semana seguinte, então, foi gelada. Seus olhos eram duas pérolas negras envoltas pelo abatimento das pálpebras.
A dúvida percorria suas veias levando ao coração um sangue ralo que fazia com que o mesmo pulsasse devagar, disparando somente ao encontrar aqueles olhos castanhos. O castanho mais lindo e perfeito que ela já vira na vida. Mas os olhos não respondiam. Apenas eram de um brilho seco, pois pareciam querer rejeitar aquele brilho.
Os pulmões dela ás vezes se enchiam com esperança e ás vezes murchava por perdê-las.
Ela se vestiu de luto, mas encaixou nos rosto uma máscara de sorrisos, que apontava aos olhos castanho-seco sempre que lhe era conveniente.
Escutou todas as suas promessas. E descobria ao fim do dia que eram todas falsas. Ele não viria, ele não ligaria. Todas as corridas ao portão e ao telefone foram em vão, não era ele.
Porque ele se esconde?
Por onde ele escapa?
O que o faz recuar?
Então na sexta, cinco dias após o suposto "adeus", suas áureas permaneceram, por um tempo infindo, lado á lado. Ela ainda se agarrava atrás da máscara e ele tinha os olhos mais foscos que ela já viu.
O silêncio entre os dois corações inquietos parecia cortar mais que estilete. Mas nenhum dos dois teria coragem suficiente para estancar o sangue que o silêncio deramara.
E partiram. Cada qual para um lado, deixando um rastro de interrogação nas duas direções.
Havia calor naquele dia, mas a noite trouxe toda a chuva que o dia omitiu.
Ela logo dormiu. Seus olhos, seu corpo, seu coração estavam muito cansados. E ela dormiu longas treze horas, que para ela eram mais que merecidas.
Foi um sono tranquilo, sem sonhos que incomodassem e que trariam disposição para o amanhã.
O sábado amanheceu com um sol tímido, ela com algum resto de dor no peito. As horas correram rápidas, seus olhos se voltaram para baixo apenas uma vez.
Ao sair na rua, ao fim da manhã, rodou o olhar á todos os lados. Não encontrou.
Encaixou os fones em cada um dos ouvidos, suspirou e seguiu.
A primeira batida da música tocou, ela começava a seguir o ritmo quando um som que lhe parecia surreal e mais sereno que qualquer canção de ninar, soou...
Ele gritara seu nome.
Sua voz era falha, mas ainda sim perfeita. Á mais ou menos dez metros dos ouvidos dela que, mesmo ao roer da música, pôde ouvir.
Naquele instante o torpor tomou conta de seu corpo e, por resposta automática, seus olhos expulsaram uma lágrima enquanto sua boca explodiu um sorriso.
Ela se virou no segundo exato em que os braços dele puderam cobri-la totalmente.
Então o vento soprou as nuvens que intimidavam o sol.